A pandemia trouxe para a escola onde eu trabalho uma situação inusitada até então. Uma aluna do terceiro ano do ensino médio que era sempre tão aplicada deixou de fazer as atividades remotas.

No levantamento que fizemos sobre nossos alunos,nos deparamos com uma situação: a aluna voltou a morar na aldeia. Pois é. Guarulhos é uma cidade grande e, no limite de território com a zona norte de São Paulo , existe uma aldeia indígena.

A vice diretora, então, se prontificou e levou as atividades adaptadas para que a aluna fizesse de maneira que não precisasse de tecnologia já que lá não tem.

De carro, essa aldeia fica em torno de 40 minutos de distância. Sim, usamos o tempo como marcador de distância também. 

O que nos chamou a atenção foi a aluna não ter dito suas origens. O preconceito e o bullying são tão presentes que a mesma decidiu se preservar. E, dessa forma, ela conseguiu concluir o ensino médio.

Esse ano, em abril, 3 ocas sofreram um incêndio. Essas ocas eram destinadas à pratica da ancestralidade e acervo cultural e agora eles pedem doações para a reconstrução. O nome da aldeia é Filhos desta Terra, localizada no Cabuçu, em Guarulhos.

A letra da música da Baby Consuelo (do Brasil) diz :"todo dia era dia de índio".

E hoje vem a reflexão: não pode ser só no dia 19 de abril.