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Família estruturada
Mas afinal de contas, o que é uma família estruturada?
O núcleo familiar com certeza são multiformadas nos dias de hoje.
Lares onde há "pães" (mãe assumindo papel parteno) ou "mais" (pai assumindo papel materno), "vães" (avó assumindo papel materno) ocasionadas por razões diversas. Talvez separados por morte, abandono, por reclusão penitênciária, pelas drogas enfim. Lares onde existem dois pais ou duas mães, fruto de um realcionamento homoafetivo.
Com o advento da pandemia da covid 19, em 2020, essas famílias multiformes ainda passarão cada vez mais por mutação devido a devastação que ela tem causada.
Até o momento, mais de 420 mil mortes apontadas. Lares incompletos e enlutados. Madrinhas, vizinhas, tias que assumem o posto na qual não estavam nos planos.
Tudo isso reflete no âmbito educacional, mas no entanto, isso é uma realidade que a comunidade escolar já enfrentava. E vem uma reflexão: a resposta do sucesso está na família estruturada?
Primeiramente falando do conceito família estruturada. Estou falando daquela composta tradicionalmente por pai, mãe e filhos. Até que ponto fazer parte desse tipo de família é garantia de sucesso?
Eu acompanho a vida dos meus vizinhos pela janela da sala. Moro em apartamento e isso promove uma certa intimidade involuntária. Vejo 3 exemplos bem à minha frente seguidos um andar sobre o outro. Todos com a formação da famosa "familía margarina", mas sabe o que me dói? É ver o tratamento, literalmente, gritante que esses bebês e crianças estão recebendo.
É impossível não acompanhar a sucessão de tratamentos rudes a que estão expostas. Que tipo de pessoa será que eles esperam estar formando para o mundo? Posso responder já de antemão: nemhuma. Na verdade estamos vivenciando uma geração tão egoísta que educar os filhos não é pensada, muito menos praticada.
Apenas os tem. Os ensaios fotográficos gestacional é importante, o chá revelação, o chá de bebê, o nascimento, os bolos de mêsversário tudo isso é meramente uma pretensão para inflar o ego com sucessivas sessões de fotos que serão expostas nas redes sociais como um status, mas que, nos bastidores, a realidade é absurda.
A criança cresce e, mediante às etapas, algumas são matriculadas em crechês, cursos que garantem esse distanciamento da responsabilidade, quando não, largadas aos cuidados das babás tecnológicas, as telas , sejam elas em quais formatos forem: tv, celular, brinquedo qualquer coisa que distraia a criança e não tire o sossego dos pais.
Já reparam que as festas infantis são, em sua maioria ,noturnas, com churrasco e distrações mais voltada para o público adulto (música, bebidas, narguiles, etc) do que propriamente para a criança? "Ah, mas tem que aproveitar mesmo já que não dá pra fazer sempre".
A criança sempre é "usada". Chega a parecer ser um acessório.
Na concepção argumentativa dos pais estão investindo em seus filhos, oferecendo recursos favoráveis. Será?
Chegando o momento de estudar na escola a preocupação vem com a mochila e todo o material, com o uniforme, com o lanche, mero status novamente. Acompanhar nas lições ou reuniões periódicas nas escolas já dividem o público: os que comparecem sempre estão com pressa ou escutam sermões que não lhes são cabíveis porque quem deveria estar lá para ouvir não está.
Para que se preocupar não é mesmo? Os professores estão aí para isto. E o que temos como reflexo? Comportamentos agressivos, preguiçosos, intolerantes. " mas o que importa é que a família é estruturada". É mesmo?
Sandra, adorei a reflexão! Como a Professora Suzanna falou, acredito que as redes sociais acentuam essa máscara que as famílias tracionais e estruturadas colocam, tão forte que tantas vezes não se percebe o que há fora das redes sociais para somente percebermos aquilo que está lá, postado.
Curioso como muitas vezes a gente disfarça nossas frustrações e problemas familiares com posts bonitos e fotos maravilhosas da família margarina né?
Acredito, Patrícia, que a família margarina é construto da sociedade capitalista desde que a estrutura familiar garante que o indivíduo será focado no seu trabalho e procurará criar lucro para a sua família. Assim, os estigmas que, na verdade, servem um propósito maior (o sistema capitalista) se perpetuam.
Excelente reflexão!
Sandra, você fala tantas verdades importantes no seu texto! Adorei o neologismo que reflete a realidade das famílias hoje em dia: pães (mãe assumindo papel paterno) ou mais (pai assumindo papel materno), vães (avó assumindo papel materno). Vamos assumir que família perfeita não existe e que qualquer convivência pede o desenvolvimento de ume escuta cuidadosa, para ouvir o Outro com o qual você convive. Considero também triste a exposição de bebês e crianças nas redes sociais com o propósito de ganhar mais seguidores e fãs. A criança tem direito a sua imagem e vida pessoal e não tem maturidade para decidir o que é bom ou ruim para ela. Os pais/empresários dos filhos recém nascidos deviam respeitar os direitos dos próprios filhos. A mídia social tornou a representação de quem somos tão importante que nos tornou prisioneiros dessas construções fictícias.