O presente trabalho tem como objetivo relatar a experiência de adaptação no desenvolvimento do Projeto de Educação Ambiental da prefeitura do município paraibano de Cabedelo (região metropolitana de João Pessoa), uma parceria entre a Secretaria da Educação (SEDUC) e a Secretaria de Meio Ambiente Pesca e Aquicultura (SEMAPA). O projeto tem como objetivo desenvolver atividades educativas de sustentabilidade ambiental na rede escolar do município com foco nos seguintes eixos temáticos: espaços verdes urbanos, política de resíduos sólidos urbanos e Conservação dos Ecossistemas de Cabedelo. No entanto, devido ao contexto pandêmico da Covid-19, foi necessário redirecionar as atividades antes desenvolvidas presencialmente para o espaço digital, e isso foi possível através da produção de animações e atividades distribuídas entre as escolas de forma virtual. Considerando as reflexões de Fiuza et al (2014), Rodrigues e Colesanti (2008), bem como de Almeida, Rezende e Lima (2012) sobre os usos das tecnologias digitais na Educação Ambiental, relataremos, portanto, o processo de produção de vídeos/animações e desenvolvimento de atividades integrando o uso de imagens (fixas e animadas), textos e sons. Traremos para o foco também a reflexão sobre o desenvolvimento de novos saberes docentes, mobilizados para a construção de materiais culturalmente sensíveis à realidade local dos alunos e ao atual momento de pandemia.
A educação mundial passa um momento de transformações profundas em virtude da pandemia de COVID-19 e do período de isolamento social. Com a impossibilidade de os alunos frequentarem presencialmente as instituições de ensino, a alternativa para continuidade do ano letivo foi a modalidade do ensino emergencial remoto para todos os segmentos educacionais.
A Secretaria de Educação de Cabedelo, município da região metropolitana de João Pessoa - PB, desenvolveu um plano estratégico de ensino remoto, com normas e orientações administrativas e pedagógicas, com objetivo de assegurar a continuidade das atividades nas escolas durante o período de isolamento social. No momento, dentre as dificuldades para implantação do ensino remoto estão: capacitação para o uso de ferramentas digitais, falta de equipamentos para os docentes do processo de ensino, apoio e infraestrutura para preparação de materiais didático-pedagógico, precariedade do acesso dos docentes e principalmente dos discentes à internet.
Diante desse cenário, o Programa de Educação Ambiental – PEAmbiental, uma parceria entre a Secretaria de Educação - SEDUC e a Secretaria de Meio Ambiente Pesca e Agricultura do município de Cabedelo - PB, necessitou realizar um redirecionamento de suas atividades, antes desenvolvidas presencialmente nas escolas, para o espaço digital. O contexto pandêmico da Covid-19 demandou a reestruturação das suas atividades, o que se transformou em um grande desafio: reinventar-se nas atividades de docência, com estudo de programas, plataformas e ferramentas digitais que atendam aos objetivos e metas estabelecidas, bem como à realidade dos alunos e de cada nível de modalidade de ensino.
A coordenação do PEAmbiental está no Setor de Projetos Educacionais da SEDUC e desenvolve suas atividades didáticas pedagógicas nas escolas municipais nos seguintes eixos temáticos: espaço verde, política de resíduos sólidos, Cabedelo - ambientes sustentáveis. A partir desses eixos, foram desenvolvidos os seguintes projetos: horto escolar, pescadores de plásticos e conservação de nossos ecossistemas.
A implementação das atividades do projeto ocorre de forma democrática na comunidade escolar parceira, envolvendo, conjuntamente, a coordenação, professores e alunos em cada etapa do projeto na escola.
Considerando o que é proposto pela Base Nacional Comum Curricular - BNCC e as reflexões de Fiuza et al (2014), Rodrigues e Colesanti (2008), bem como de Almeida, Rezende e Lima (2012) sobre os usos das tecnologias digitais na Educação Ambiental, relataremos o processo de produção de vídeos/animações e desenvolvimento de atividades integrando o uso de imagens (fixas e animadas), textos e sons. Traremos para o foco também a reflexão sobre o desenvolvimento de novos saberes docentes, mobilizados para a construção de materiais culturalmente sensíveis à realidade local dos alunos e ao atual momento de pandemia.
A transposição das atividades do Projeto de Educação Ambiental para o ambiente digital teve como objetivo a ampliação do uso de novas tecnologias que auxiliassem na relação entre teoria e prática quanto aos conteúdos da educação básica acerca da sustentabilidade do Planeta. Para tanto, consideramos as orientações dos temas transversais contemporâneos propostos pela BNCC, utilizando uma abordagem interdisciplinar dos conteúdos de educação ambiental.
Conforme ressaltado na BNCC,
cabe aos sistemas e redes de ensino, assim como às escolas, em suas respectivas esferas de autonomia e competência, incorporar aos currículos e às propostas pedagógicas a aborda- gem de temas contemporâneos que afetam a vida humana em escala local, regional e global, preferencialmente de forma transversal e integradora. (BNCC, 2018, p. 19)
Vale destacar que, desde a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs (1997), a educação ambiental é apontada com um dos temas transversais a serem abordados no ensino básico. Tal aspecto é reforçado na BNCC e alinhado, ainda, com o uso de tecnologias digitais.
Nesse sentido, conforme experiência relatada por Fiuza et al (2014) quanto ao uso de objetos de aprendizagem digital (OAD) no ensino da Educação Ambiental, aponta-se que as novas tecnologias digitais de informação e comunicação (NTDICs podem contribuir significativamente, tornando o processo de ensino-aprendizagem mais dinâmico e participativo, contribuindo para a autonomia do aluno no processo de aprendizado.
Acreditamos que, ao incorporar tais ferramentas, pode-se desenvolver a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, bem como o respeito à biodiversidade, atuando criticamente frente a questões do mundo contemporâneo (BNCC, 2018).
Quanto à aproximação entre os discentes e os conteúdos, Rodrigues e Colesanti (2008) afirmam que “a integração da informática e dos multimeios propiciam a sensibilização e o conhecimento de ambientes diferenciados e dos seus problemas intrínsecos, por parte dos alunos, por mais distantes espacialmente que eles estejam.”
Norteados por tais reflexões que apontam para a importância da integração da Educação Ambiental às novas tecnologias digitais de informação e comunicação (NTIDCs), contextualizarem na seção a seguir a produção de animações para uso escolar no contexto do ensino remoto durante a pandemia de Covid-19.
Neste momento de pandemia, com ensino remoto nas escolas e distanciamento social, observa-se a necessidade de produção de material didático dinâmico para estimular a participação dos alunos, permitindo a continuidade das atividades escolares e dos projetos efetivados pelo PEAmbiental. Isso justifica a escolha da metodologia para produção de material digital para o uso em aulas remotas nas escolas e a busca pelo estabelecimento de um elo entre as atividades do PEAmbiental, o Projeto Político Pedagógico das escolas - PPP e os conteúdos do currículo mínimo municipal. A partir do alinhamento desses objetivos, buscou-se desenvolver materiais que pudessem auxiliar os professores nas aulas on-line ou de forma simplesmente informativa, proporcionando um ensino-aprendizagem motivante, através de atividades experimentais em que os discentes são estimulados a utilizarem os recursos digitais e interagirem de forma lúdica, prática e contextualizada com os conteúdos.
Com esses objetivos, deu-se início o planejamento dos vídeos e atividades, em que um dos maiores desafios foi a aprendizagem e a familiarização com o uso de novas tecnologias digitais. Devido às medidas de isolamento, o trabalho de produção de vídeos pelo autor ocorreu na modalidade de home office, ou seja trabalho desenvolvido em casa, com equipamentos próprios, os materiais e atividades educacionais do SPE-SEDUC para a distribuição na rede de escolas municipais de Cabedelo.
Após pesquisas on-line e leitura de trabalhos sobre o ensino remoto e aplicabilidade de metodologias ativas, bem como sobre a importância da integração de imagens, textos e sons, para a contextualização dos conteúdos e competências para desenvolvimento de práticas sustentáveis, buscamos estratégias para despertar no discente maior senso de corresponsabilidade de conservação de meio ambiente, bem como um maior interesse ao visualizar as ações que interagem com a realidade do seu cotidiano.
Conforme destacam Rodrigues e Colesanti (2008), é importante que o professor busque “problematizar o saber ambiental apresentado no suporte digital, colocando-o em uma perspectiva onde os alunos possam se apropriar e utilizá-lo para a construção das atitudes ecológicas.” Assim, os alunos poderiam desenvolver seu senso crítico, sua criatividade e reflexão sobre seus atos para ser protagonista de sua própria aprendizagem, no seu tempo e ritmo, executando atividades de forma colaborativa e situada acerca do contexto socioambiental da atualidade e na sensibilização para ações práticas de sustentabilidade ambiental para o Planeta.
Os vídeos auxiliaram os professores na rede de escolas municipais a repassarem, de forma interdisciplinar, os conteúdos dos temas transversais contemporâneos e, ao mesmo tempo, suprir as demandas dos projetos do programa. O uso dos vídeos também apresentou potencial para atingir a totalidade das instituições de ensino do município.
Após aprender e avaliar alguns programas, de forma autônoma, com o auxílio de tutoriais disponibilizados principalmente no YouTube, foi iniciada a elaboração do roteiro dos vídeos e escolhido o software de produção de animações Powtoon, na versão gratuita. O programa permite a criação de perfis profissionais, com planos educacionais, para produção pedagógica.
Como explicam Amaral e Sabota (2016):
O PowToon está inserido em uma plataforma de uso gratuito que permite a criação de apresentações e vídeos animados. Existem opções de animações que são comercializadas, mas as versões gratuitas oferecem funcionalidades diversas que garantem qualidade técnica para produção das mesmas. Podem ser trabalhadas a partir de um modelo básico, "em branco", ou através da personalização de templates oferecidos conforme determinado tema. O usuário tem à sua disposição uma variedade de cores, fundos, personagens animados, efeitos, marcadores, suportes de imagem, texto, som (incluindo opção de inserir sua própria voz) para cada etapa da animação. (p. 81)
O Powtoon permite a escolha entre várias opções de variedades de cena, escolha de personagens, facilidade de inserir e sobrepor imagens, efeitos de transição de cenas, adição de áudio com narrativa/diálogo e/ou música, entre outros. Para essa última opção, também foi utilizado o Audacity 2.4.2, software livre de edição digital de áudio disponível na plataforma Windows. Depois da produção, a animação é compartilhada no meu próprio canal no YouTube, para facilitar a distribuição dos links para os materiais.
Conforme destacado, os vídeos são produzidos pelo PEambiental, obedecendo critérios que atendam as demandas nas escolas, dentro de um planejamento estratégico, com ficha descritiva que facilite o uso nas aulas remotas, auxiliando as competências dos conteúdos transversais contemporâneos, ações do PPP escolar, calendário comemorativo escolar.
Vídeo 1 - Os 5 Rs da sustentabilidade
Vídeo 2 - Coleta seletiva Kids
Vídeo 3 - Coleta seletiva
Vïdeo 4 - Projeto plante uma árvore
Após a escolha dos programas a serem utilizados para edição, foi necessário a escolha das temáticas do programa que atendessem às demandas das escolas, alinhadas ao uso também nas datas comemorativas ambientais (15/10, dia do Consumo Consciente – vídeo 1; 20/10 dia Internacional da Limpeza de Praia – vídeo 2 e vídeo 3; 21/10 dia da árvore – vídeo 4).
Diante da crescente degradação do Planeta, os conteúdos da educação ambiental foram selecionados objetivando sensibilizar para questões relacionadas à deterioração do meio ambiente das ações antrópicas. Dentre as temáticas abordadas, destacamos o princípio dos 5 Rs, com referência ao consumismo; a política de resíduos sólidos urbanos, com a importância da coleta seletiva; e a destruição das florestas e as suas consequências. Os temas e atividades do PEAmbiental dialogam com o Plano decenal 2015-2025 da rede escolar do município de Cabedelo, com sua implantação em seis escolas por semestre, buscando se alinhar concomitantemente às metas da educação ambiental no plano decenal bem como a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável (ONU, 2015).
Um ponto importante diz respeito ao público-alvo que estas produções objetiva alcançar: todas as modalidades de ensino, faixa etária, utilizando uma linguagem leve, informal, que passe os conteúdos de educaçao ambiental, além dos temas de pluridade sociocultural e de respeito às diferenças. Consideramos também a realidade das interações nas redes sociais, com ferramentas digitais educativas em destaque nos vídeos 2, 3 e 4. Tais vídeos procuram estimular o aluno a ser protagonista do seu próprio saber, quando executa tarefas, realiza análise de experimentação, busca mais informação através de outras fontes ou referências apresentadas nos vídeos e faz reflexões de maneira contextualizada acerca dos conteúdos, construindo um nova atitude e concepção sobre seu papel na preservação ambiental. Ademais, houve a ampliação do uso das tecnologias digitais no processo avaliativo.
Neste momento de pandemia de Covid-19, os vídeos foram planejados buscando explorar de forma dinâmica, criativa os conteúdos, e amenizar o stress emocional do isolamento social, prezando por vídeos de curta duração, que demandam um curto tempo de visualização, em média 3 minutos. Observa-se também nos vídeos 3 e 4, a inclusão de normas que evitem a proliferação do vírus, tendo destaque também o incentivo do uso das máscaras.
Com as escolhas das temáticas, a produção de cada vídeo seguiu com a preparação de um roteiro escrito. Em seguida, foi criada uma pasta com os arquivos de gravaçao dos áudios das falas de cada personagem, onde membros da família contribuiram com a fala de um personagem, outra pasta de imagens, animações entre outros. Para compor as cenas de animações, as imagens foram obtidas no site Pixabay (página onde são compartilhadas, em domínio público, fotos, ilustrações, imagens, entre outros). Este método de organização facilitou muito, apesar do Powtoon apresentar várias opções no processo de edição. (Fig. 1).
Quanto ao processo de montagem das cenas, cada cena sequenciada inicia-se com a colocação do fundo, dos personagens, imagens e objetos. Fomos finalizando cena por cena, de forma a sincronizar os elementos presentes.
Figura 1: Edição de vídeos no Poowton
Para gravação das falas, conforme mencionado, contamos com a colaboração de membros da família (esposa e filhos), para os quais foi encaminhada a sequência de texto/diálogo. Cada membro gravou os áudios, encaminhados via WhatsApp, utilizando seu próprio celular. Para edição dos áudios, utilizamos o Audacity software digital de áudio, que auxiliou na temporização das falas em cada cena, com corte, alteração de tom, volume, velocidade, mixagem, equalização e montagem de playback, em outras (Fig. 2). O vídeo foi dividido na ordem de 20 em 20 segundos para facilitar temporização das falas com as animações entre as personagens e os elementos de enquadramento.
Figura 2: Edição das gravações das falas no Audacity
Cada composição de cena foi idealizada para promover um momento de aprendizagem com uso de tecnologias digitais de forma harmônica, diante do isolamento social, apresentando, além disto, diversidade cultural, animações e imagens de ambiente equilibrados, com exceção das imagens de degradação ambiental, para o reconhecimento da gravidade da degradação do planeta nos vídeos editados.
Na preparação de cada vídeo houve a preocupação de disponibilizar um material que possibilite a integração da família com o conteúdo, com aplicação no cotidiano das práticas sustentáveis, permitindo que o aluno realize as atividades no seu tempo e crie uma rotina de atividades através do projeto, com desenvolvimento de suas próprias atitudes e experiências, estimulando a mudança de hábitos para a sustentabilidade do Planeta.
Houve muita dificuldade na sincronização das animações com as falas gravadas das personagens e até nas sobreposições das imagens, vídeos 3 e 4 com a colocação das máscaras, isto pode ser explicado pela maneira autodidata na aprendizagem e familiarização com cada programa e outras ferramentas digitais complementares para produção dos vídeos, além do pouco tempo de edição entre um vídeo e outro para atender às demandas do PEambiental.
A partir dos materiais compartilhados, os docentes podem explorar a interdisciplinaridade nas suas aulas remotas, focando no conteúdo/tema de sua disciplina, a exemplo da aula prática com o projeto plante uma árvore (vídeo 4), o conteúdo de porcentagem de matemática (vídeo 3), como também aplicar exercícios avaliativos na plataforma da escola ou simples com foto que realizou a tarefa.
Após horas para finalização de uma animação no site Powtoon, ainda é necessário analisar as montagens das cenas e acabamentos de temporização dos áudios de cada personagem até alcançar uma qualidade adequada para o uso das ferramentas digitais em celulares, PC entre outros, para o compartilhamento em blogs, sites e plataformas sociais e educacionais utilizadas no nosso sistema de ensino.
Os vídeos foram editados na resolução de Hd Qualit 720 p, inicialmente publicados no próprio site Powtoon e em seguida no canal do YouTube, para facilitar a divulgação e uso no ensino remoto nas escolas. Após aprovação das coordenações de ensino da SEDUC, os vídeos são encaminhados pela plataforma institucional da Prefeitura Municipal de Cabedelo, quinzenalmente, pelo SPE na sua revista de conteúdos das coordenações, e pelo próprio PEAmbiental. A divulgação ocorre também através das redes sociais dos grupos de profissionais da educação do município: dos diretores escolares, das coordenações, da supervisão, dos docentes.
Através da ficha descritiva compartilhada junto aos materiais, a equipe pedagógica das escolas orientará os docentes, que poderão inserir na programação do plano das aulas remotas no calendário escolar. Em seguida, os links dos vídeos serão enviados para os alunos nas plataformas: Google Classroom; YouTube; Facebook; Instagram e WhatsApp.
Figura 3: Exemplo de ficha descritiva do Vídeo 3
A utilização dos vídeos e implementação deste trabalho nas escolas se deparou com alguns desafios, dentre os quais identificamos:
1. Mudança brusca do ensino presencial para o ensino on-line e desconhecimento quanto à integração de recursos, alguns disponíveis gratuitamente na internet, mais adequados à essa modalidade.
Conforme destaca Coelho Neto, Blando e Araújo (2019), plataformas de redes sociais, softwares educacionais, jogos eletrônicos educacionais, objetos digitais de aprendizagem, vários destes disponíveis gratuitamente na internet, podem ser uma poderosa ferramenta auxiliadora no processo de ensino e de aprendizagem.
2. Redução das horas mínimas para o fechamento do ano letivo escolar de 2020, do plano estratégico, com maior destaque ao cumprimento de 60% dos conteúdos do currículo mínimo da educação básica comum municipal.
3. Falta de conhecimento dos docentes quanto ao uso das ferramentas digitais compartilhadas dentro de seu plano de aula de forma interdisciplinar. Neste sentido, destacamos o papel fundamental do professor na inclusão de novas ferramentas desta nova era digital, adaptando, aprimorando e introduzindo novas possibilidades na sala de aula, no dia-a-dia de seus alunos através das novas tecnologias.
4. Falta de equipamento e apoio técnico para o uso das ferramentas digitais, bem como o acesso à internet pelos discente, onde muitos passaram a dividir o tempo de uso do celular com os pais ou responsáveis.
Observamos que o desempenho do projeto está relacionado a outras variáveis de natureza socioeconômica que influenciam o acesso dos alunos à internet e a um recurso tecnológico digital. Por exemplo, em estudo desenvolvido por Lopes, Almeida e Costa (2014) sobre a aplicação de uma sequência didática eletrônica em ambiente virtual de aprendizagem-AVA, identificou-se que dos 31% dos alunos responderam que não haviam acessado o AVA, 64% indicaram o fato de estar sem internet disponível em casa e 27% informaram que estavam sem computador.
5. Falta de conhecimento de metodologias interdisciplinares dos docentes para incorporar os vídeos de forma complementar nas aulas remotas nas escolas. O uso de de plataformas de vídeos como o YouTube na sala de aula demanda que os professores atentem para seus objetivos pedagógicos, aspecto curricular e o plano de aula, de forma a “possibilitar a integração entre o conteúdo e a produção audiovisual, sendo esta, uma nova linguagem que constrói percepções, sentimentos, competências e media as necessidades do crescimento cognitivo, social e emocional.” (ALMEIDA et al., 2015, s.p).
Observação: A secretaria de educação de Cabedelo tomou medidas enérgicas para superar as dificuldades no momento de implantação do ensino remoto. Aos discentes que não tinham acesso às plataformas digitais, as escolas disponibilizaram o material das aulas de forma impressa, e o setor de tecnologias educacionais disponibilizou capacitação para seus docentes quanto ao uso de plataformas educativas e ferramentas digitais.
Este trabalho foi desenvolvido durante o contexto pandêmico de Covid-19, período de transformação da educação, com a transição do ensino presencial para o ensino remoto nas escolas, momento em que se observa que a educacao buscava alternativas para implementar de forma mais efetiva o ensino remoto.
Apesar de ainda não podermos apresentar resultados conclusivos quanto ao uso dos vídeos, engajamento e eficácia das atividades, acredita-se que a continuidade do ensino remoto evidencia a necessidade de delinear novas estratégias, maior inclusão, bem como melhor capacitação do corpo docente para o uso das ferramentas digitais e disponibilização de equipamentos para a comunicação entre docentes e discente, acesso a internet, entre outros.
A nova experiência do ensino remoto e uso das novas tecnologias digitais no processo de ensino-aprendizagem proporcionou a continualidade das ações do PEAmbiental e auxiliou o desenvolvimento de conteúdos e competências trabalhadas de forma contextualizada, ubíqua, significativa, possibilitando novas formas de interação alinhadas com as transformações do mundo real, a partir de suas experiências já vivenciadas.
Ao se reinventar de forma autodidata quanto ao uso de novas tecnologias digitais e metodologias educacionais, fica evidente a necessidade de desenvolvimento profissional docente constante, com vistas a explorar novas alternativas de criação de materiais didático-pedagógicos, que proporcionem novas experiência para os discentes. Ademais, o apoio técnico e para capacitação das instituições de ensino são fundamentais.
A implementacão do ensino remoto neste contexto pode representar um momento de transformação profunda nas metodologias do ensino aprendizagem, que fortaleçam modalidades alternativas, como o ensino híbrido, mais inclusivo e com investimentos para melhoria do ensino na educação básica.
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